Para além da formação básica (ginasial e secundária), testemunhos e registros vários sugerem ou comprovam os demais estudos feitos por Vladimir Herzog durante a sua vida: o curso superior em Filosofia na Universidade de São Paulo, USP, inglês na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, teatro no Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, cinema no Seminário de Arne Sucksdorff e na Escola de Santa Fé, produção televisiva na BBC de Londres. Se não mais, esses cursos desvendam um indivíduo sempre disposto a aprender e a se profissionalizar o máximo possível nas atividades que escolhe exercer....
Para além da formação básica (ginasial e secundária), testemunhos e registros vários sugerem ou comprovam os demais estudos feitos por Vladimir Herzog durante a sua vida: o curso superior em Filosofia na Universidade de São Paulo, USP, inglês na Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, teatro no Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, cinema no Seminário de Arne Sucksdorff e na Escola de Santa Fé, produção televisiva na BBC de Londres. Se não mais, esses cursos desvendam um indivíduo sempre disposto a aprender e a se profissionalizar o máximo possível nas atividades que escolhe exercer.
Os registros da infância e da adolescência de Vladimir Herzog no Brasil, entre 1948 e 1957, praticamente se resumem a documentos relacionados à sua entrada e aos seus feitos escolares no Colégio Estadual Franklin D. Roosevelt (renomeado mais tarde para Colégio Estadual de São Paulo). A prova de admissão ao ginásio, de fevereiro de 1949, guardada com zelo orgulhoso pela mãe e nunca descartada por Clarice Herzog, mostra uma nota 7 em Português e 10 em Matemática, o que lhe proporcionou um atlas geográfico como prêmio pelo primeiro lugar no concurso (Vlado Herzog: o que faltava contar, de Trudi Landau, p. 92). As notas assinaladas no histórico escolar, no entanto, estão longe de refletir um desempenho primoroso, fato talvez explicável por um temperamento pouco apto a transigir gratuitamente com os protocolos de uma educação formalizada e uma mente atraída por uma gama mais alargada de interesses culturais e artísticos.
Vlado, em seguida, entra para o curso Científico, mas desiste. Em 1956, presta prova a fim de se transferir para o curso Clássico, respondendo à pergunta: “Por que escolhi o curso Clássico?”, na qual tira 8,5. Suas notas continuam modestas, mas isso não o impede de se candidatar ao curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em 1958. O ingresso na USP coincide com a seleção para o jornal O Estado de S. Paulo, e é de se esperar que o trabalho jornalístico tenha embaraçado o perfeito seguimento das aulas e o melhor resultado nas avaliações (as viagens não são raras, como a que fez para cobrir a inauguração de Brasília, em abril de 1960, ou o Festival de Cinema de Mar del Plata, em 1962), como mostra o histórico escolar. E é também nesse período que Vlado se envolve de forma intensa com a Cinemateca Brasileira, ajudando a organizar mostras e cursos. Ainda assim, obtém o título de bacharel no ano letivo de 1962.
Concluída a educação formal, Vlado pode se dedicar a cursos sobre temas e atividades que realmente lhe interessam de perto e que contribuirão diretamente em projetos pessoais e profissionais. Duas das oportunidades mais importantes são o curso de Arne Sucksdorff, entre novembro de 1962 e maio de 1963, no Rio de Janeiro, atividade a partir da qual se originará seu único filme, Marimbás. Desse curso, sobreviveram não só as respostas de Vlado a uma prova de Sucksdorff, como as anotações que tomou durante as aulas, transcritas em formato datilografado. Pouco depois, com Maurice Capovilla, Vlado segue para Santa Fé, na Argentina, onde ambos farão estágio com Fernando Birri. Essas duas experiências de natureza prática terminam por dar forma concreta ao tipo de cinema idealizado por Vlado. Mesmo que isso não redunde em outros filmes, essa etapa de formação será fundamental para sua crítica de cinema (difundida em cartas e em futuros artigos na Revista Visão), sua participação em filmes patrocinados por Thomaz Farkas, a discussão geral com amigos da Cinemateca e outros profissionais da área, e – por que não? –, para a sua própria prática jornalística, escrita ou televisiva.
Vlado ainda voltará aos bancos escolares em 1968, num outro contexto. Após os quase quatro anos de trabalho na BBC de Londres, seu entusiasmo se voltará para a produção de programas de TV. Assim, antes de retornar ao Brasil, ele obtém vaga num curso de Produção Televisiva da BBC. Os ensinamentos desse curso, somados ao know-how adquirido no rádio, serão os passaportes que darão a Vladimir Herzog a possibilidade de atuar, durante duas passagens, no jornalismo da TV Cultura.
E a formação das pessoas, do público, em especial das crianças, sempre o inquietou. Na redação que escreveu para ingressar no curso Clássico, o jovem observou que as “matérias subjetivas” se revelaram para ele quando sua subjetividade despertou para o “mundo objetivo”. Como ele pôde expressar como jornalista, exemplarmente em “Uma questão de fome”, no “Suplemento Literário” do Estadão, em dezembro de 1962, é preciso atender a quem tem fome, inclusive fome de educação e de arte, de cinema.
LANDAU, Trudi. Vlado Herzog: o que faltava contar. Petrópolis: Vozes, 1986.
Cartão de inscrição nos exames do Colégio Estadual Presidente Roosevelt, 1948
Ficha da CMTC para fornecimento de passe escolar
Exame de admissão à 1a. série, 1949
Prova de admissão ao curso clássico no Colégio Roosevelt, 1956
Histórico escolar do Colégio Estadual Presidente Roosevelt
Certificado de conclusão de curso clássico n. 15, 1958
Declaração de exames prestados no Colégio Estadual de São Paulo para transferência de curso, 1958
Entrevista com Luiz Weis
Entrevista com Ruy Ohtake
Formulário de inscrição no Concurso de Habilitação da FFCL-USP, 1958
Declaração de exames prestados no Colégio Estadual de São Paulo para transferência de curso, 1958
Atestado da Faculdade de Filosofia da USP, 1963
Currículo de Vladimir Herzog
Entrevista com Nilce Tranjan
Histórico escolar do curso de Filosofia na FFCL-USP
Respostas de Vladimir Herzog para prova do curso de Arne Sucksdorff
Atestado de conclusão do Seminário Arne Sucksdorff, 1963
Marimbás, 1963
Currículo de Vladimir Herzog
Do caderno do Vlado
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsányi, 7 abr. 1967
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsányi, 17 ago. 1967
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsányi, 23 out. 1967
Carta de Vladimir Herzog para Paulo Emílio Salles Gomes, 26 nov. 1967
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsányi, 1 dez. 1967
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsányi, 21 mar. 1968
Carta de Vladimir Herzog para Alex Viany, 1 maio 1968
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsanyi, maio 1968
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsányi, 19 jul. 1968
Certificado de conclusão do curso de Produção Televisiva na BBC, 1968
Carta de Vladimir Herzog para Tamás Szmrecsànyi, 7 nov. 1968
Brasileiro aprende técnicas de TV educativa em Londres
Currículo de Vladimir Herzog
Carteira da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, 1957