Vladimir Herzog frequentou o Colégio Estadual de São Paulo Presidente Roosevelt em duas oportunidades. Em 1949, aos onze anos, ele presta exame de admissão para a primeira série do curso ginasial, no qual, segundo a mãe, Zora Herzog, obtém o primeiro lugar e ganha como prêmio um Atlas Geográfico (ver Vlado Herzog: o que faltava contar, de Trudi Landau, p. 29). É nessa primeira passagem pela instituição que, por exemplo, Vlado faz amizade com Ruy Ohtake. Segundo Ohtake, o colega era "muito reservado", "bastante quieto, não conversava muito, sempre com um livrinho na mão", mas participava com maior ênfase e interesse nos debates mais "políticos e sociais"....
Vladimir Herzog frequentou o Colégio Estadual de São Paulo Presidente Roosevelt em duas oportunidades. Em 1949, aos onze anos, ele presta exame de admissão para a primeira série do curso ginasial, no qual, segundo a mãe, Zora Herzog, obtém o primeiro lugar e ganha como prêmio um Atlas Geográfico (ver Vlado Herzog: o que faltava contar, de Trudi Landau, p. 29). É nessa primeira passagem pela instituição que, por exemplo, Vlado faz amizade com Ruy Ohtake. Segundo Ohtake, o colega era "muito reservado", "bastante quieto, não conversava muito, sempre com um livrinho na mão", mas participava com maior ênfase e interesse nos debates mais "políticos e sociais".
Paulo Markun conta, em Meu querido Vlado, que, concluído o ginásio em 1952, Vlado teria, em seguida, entrado para o curso Científico (no que, à época, corresponderia ao braço do Ensino Médio dedicado às Exatas e Biológicas). É então que conhece Luiz Weis, amigo com quem ingressará posteriormente em O Estado de S. Paulo e, mais tarde, conviverá na redação da revista Visão. Nas recordações de Weis, ele e Vlado – "saindo do colégio, ambos no curso noturno, ele no científico, eu no clássico" –, tinham inúmeras e frequentes "discussões de adolescentes", principalmente sobre política (p. 20). Mas, para além dessa lembrança, não há mais informações sobre a atuação e o comportamento de Vladimir Herzog em sala de aula.
O namoro com o curso Científico não dura e Vlado vai trabalhar numa óptica. A óptica a que se refere Paulo Markun é a Fotoptica, na qual Herzog trabalhou entre março e setembro de 1955, conforme está inscrito numa de suas carteiras de trabalho. Ainda segundo o biógrafo, Vlado não teria gostado da experiência: "os donos proibiam que atendesse no balcão, exigiam que ele varresse a loja e não lhe ensinavam nada, e ele deixou o emprego" (p. 21). O Acervo Vladimir Herzog dá a ver hoje que esse abandono é quase concomitante à sua decisão de estudar Teatro e participar de encenações dramáticas. Mas, paralelamente, Vlado se prepara para retornar aos bancos escolares.
Isso só se dá em 1956, após um novo concurso seletivo, agora voltado para o curso Clássico. E o leitor certamente se interessará pela redação escrita por Vlado na prova – "Por que escolhi o curso Clássico" –, da qual sobressai sua percepção quanto à importância de poder escolher e quanto ao despertar para o mundo objetivo como caminho para as matérias subjetivas. Assim, essa mudança de rumo – do Científico para o Clássico – é uma espécie de ponto de inflexão a delinear e enraizar a trajetória de Vladimir Herzog para o resto de sua vida: a resolução pela formação na área de Humanas consolida uma vocação íntima de Vlado que o conduzirá, mais à frente, à filosofia, ao jornalismo, ao teatro e ao cinema, contribuindo para a constituição do homem e profissional que hoje se conhece.
LANDAU, Trudi. Vlado Herzog: o que faltava contar. Petrópolis: Vozes, 1986.
MARKUN, Paulo. Meu querido Vlado: a história de Vladimir Herzog e do sonho de uma geração. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
Exame de admissão à 1a. série, 1949
Prova de admissão ao curso clássico no Colégio Roosevelt, 1956
Entrevista com Luiz Weis
Entrevista com Ruy Ohtake
Cartão de inscrição nos exames do Colégio Estadual Presidente Roosevelt, 1948
Ficha da CMTC para fornecimento de passe escolar
Histórico escolar do Colégio Estadual Presidente Roosevelt
Certificado de conclusão de curso clássico n. 15, 1958
Declaração de exames prestados no Colégio Estadual de São Paulo para transferência de curso, 1958