Paulo Emilio Salles Gomes (São Paulo, São Paulo, 1916 – São Paulo, São Paulo, 1977). Crítico de cinema, ensaísta, professor, escritor, roteirista. Em 1935, publicou, com Décio de Almeida Prado, a única edição da revista Movimento, de inspiração modernista. Militante de esquerda, foi preso pelo governo Getúlio Vargas em 1935. De 1937 a 1939 permaneceu na França: lá conheceu Plínio Sussekind Rocha, membro fundador do Chaplin-Club (1929-1931) que marcou seu pendor pelo cinema, e conheceu Victor Serge, dissidente do regime soviético que o levou a uma releitura do marxismo. De 1940 a 1944 cursou Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).

Participou do grupo de estudantes responsáveis pela revista Clima, herdeiros da tradição modernista de 1922 – Antonio Candido, Décio de Almeida Prado, Gilda de Melo e Souza, Ruy Coelho e Lourival Gomes Machado –, na qual cuidou da seção de cinema. Em 1940 eles fundaram o Clube de Cinema de São Paulo: apesar de fechado pelo Estado Novo em 1941, foi caminho para a criação da Cinemateca Brasileira.

Em 1943, o antifascismo levou-o a se alistar na Batalha da Borracha, na Amazônia, voltada a incrementar a produção de tal matéria prima com vistas ao esforço de guerra. Em 1946, finda a guerra, retornou à França, para estudar no Instituto de Altos Estudos Cinematográficos, Idhec. Frequentador da Cinemateca Francesa, aproximou-se do crítico André Bazin e foi vice-presidente da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (Fiaf). Dedicou-se à pesquisa a respeito do cineasta francês Jean Vigo e de seu pai, o militante anarquista Miguel Almereyda. Daí resultaram o livro Jean Vigo (Paris: Éditions du Seuil, 1957) e as publicações póstumas Jean Vigo, 1984, e Vigo, vulgo Almereyda, 1991 (organização de Carlos Augusto Calil e tradução de Dorothée de Bruchard; Cosac Naify; Sesc SP, 2009).

Em 1954, voltou ao Brasil e realizou o 1º Festival Internacional de Cinema de São Paulo, no âmbito das comemorações do quarto centenário da cidade de São Paulo. Tornou-se conservador-chefe da filmoteca do Museu de Arte Moderna, que se juntou ao Segundo Clube de Cinema de São Paulo, dando origem em 1956 à Cinemateca Brasileira. De 1956 a 1965 colaborou no “Suplemento Literário” do Estadão. Em 1964, participou da criação do curso de cinema na Universidade de Brasília, interrompido no ano seguinte pelo regime militar. Criou a 1ª Semana do Cinema Brasileiro, originando o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Foi pioneiro também do curso de cinema da Escola de Comunicações e Artes da USP. Doutorou-se em 1972, com a tese que originou o livro Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte (1974).

Publicou, entre outros livros: Cinema polonês hoje, com Fernando Novais e Marcos Margulies (1962); 70 anos de cinema brasileiro (1966), com Adhemar Gonzaga, Panorama do cinema brasileiro (1970); Glauber Rocha, com Raquel Gerber e outros (1974); e o ensaio “Cinema: trajetória do subdesenvolvimento” (1973) para a revista Argumento. Fez com Lygia Fagundes Telles o roteiro do filme Capitu (1968), de Paulo César Saraceni, e com David Neves, o de Memória de Helena (1969). Publicou, em 1977, a série de novelas Três mulheres de três pppês, vencedora do Prêmio Jabuti.  Outras publicações póstumas: Cinema: trajetória no subdesenvolvimento (1980); Paulo Emílio: Crítica de cinema no Suplemento Literário (2 vols, 1982); Paulo Emílio, um intelectual na linha de frente (1986); Cemitério: mais a peça teatral Destinos (organização de Carlos Augusto Calil, 2007); Capitu (em parceria com Lygia Fagundes Telles, 2008); O cinema no século (organização de Carlos Augusto Calil, 2015); Uma situação colonial? (organização de Carlos Augusto Calil, 2016).


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