Perseu Abramo (São Paulo, SP, 1929 – 1996): Fez os estudos secundários no Ginásio do Estado da Capital e no Colégio Estadual Presidente Roosevelt. Bacharel e licenciado em Sociologia em 1959 na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, em 1968 obteve o grau de mestre em Ciências Humanas na Universidade Federal da Bahia.

Começou jovem no jornalismo: em 1946, por concurso interno, tornou-se suplente de conferente de revisor no primeiro Jornal de São Paulo. De 1948 a 1950, foi repórter no segundo Jornal de São Paulo e na Folha Socialista. De 1952 a 1962, trabalhou em O Estado de S. Paulo, ocupando diversas funções: subsecretário de redação, cronista de suplemento semanal, redator das seções Internacional, de Interior e de Esportes e do noticiário local, repórter, chefe de reportagem. Coordenou a equipe que fez a cobertura da inauguração de Brasília, da qual Vladimir Herzog fez parte, e obteve o Prêmio Esso de Reportagem, em 1960. Há mais de uma versão a respeito do modo como Vlado conheceu Perseu e passou a trabalhar com ele no Estadão: por meio de Mário Leônidas Casanova, professor de literatura do Colégio Roosevelt, e ou graças à mediação de Lélia Abramo, que o apresentou a seu irmão Cláudio, tio de Perseu.

De 1962 a 1971, Perseu Abramo se dedicou ao magistério superior, na Escola de Jornalismo Cásper Líbero, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, na Escola de Sociologia e Política, em São Paulo, e na Faap. Coordenador do setor de Jornalismo dessa faculdade, convidou Vlado, entre outros jornalistas, para fundar e organizar o curso de Jornalismo. Perseu colaborou como freelancer em publicações da Editora Abril, em especial nos fascículos “Grandes Personagens da Nossa História”. Participou da criação e instalação da Universidade de Brasília, onde lecionou por dois anos no Departamento de Ciências Humanas, desde a inauguração até 1964, quando ele foi preso durante a invasão pelas tropas militares.

Tendo ingressado em 1970 na Folha de S.Paulo, foi coordenador de serviços redacionais e editor de Esportes, da Ilustrada e de Educação. Montou e dirigiu tal seção durante sete anos, exitosa na imprensa da época. Foi demitido em 1979, por haver participado ativamente da greve de jornalistas.

Da revista Visão foi colaborador regular nas áreas de educação, ciência e cultura de 1970 a 1972. Nos anos 1980, colaborou na renovação da revista Novos Estudos do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e no Departamento de Jornalismo da TV Globo. E editou o Jornal dos Trabalhadores, órgão do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores. De 1981 a 1996 foi professor da Faculdade de Filosofia e Comunicação da PUC de São Paulo.

Teve participação ativa no campo sindical e na formação da Comissão de Liberdade de Imprensa do Sindicato. Foi um dos idealizadores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, criado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Engajou-se na fundação do PT (1979/1980) e militou nos postos de direção e em todas as frentes partidárias. Fez parte do Núcleo de Categoria dos Jornalistas e do Diretório Distrital da Lapa. Em 1989, ocupou o cargo de secretário de Comunicação da prefeitura de São Paulo, durante a gestão de Luiza Erundina.

Publicações póstumas: Um trabalhador da notícia: textos de Perseu Abramo, organizado por sua filha Bia Abramo (Editora Fundação Perseu Abramo, 1997); Padrões de manipulação na grande imprensa, com posfácio de Aloysio Biondi (2003).