Alex Viany, Almiro Viviani Fialho (Rio de Janeiro, 1918 – Rio de Janeiro, 1992): Diretor, roteirista, crítico, jornalista, historiador. Iniciou no jornalismo cinematográfico por meio do concurso “O que pensam os fãs?”, promovido pelo cronista Pedro Lima no Diário da Noite, do Rio de Janeiro, e adotou o pseudônimo de Alex Viany. Manteve uma coluna respondendo dúvidas dos leitores sobre cinema na revista Carioca, e se transferiu em 1942 para O Cruzeiro, de que foi correspondente em Hollywood em 1945. Traduziu filmes americanos para o português.

Desiludido com o sistema de produção norte-americano, dominado pelos grandes estúdios, passou a defender ideias de esquerda e atentou para o neorrealismo italiano. De volta ao Rio de Janeiro em 1948, trouxe o projeto da revista Filme, desenvolvido com Vinicius de Moraes; no ano seguinte saíram os dois únicos números da revista. Colaborou nos periódicos A Cena Muda, Revista do Globo e Correio da Manhã, além de manter um programa semanal sobre cinema na Rádio MEC.

Em 1951, convidado por Mario Civelli para integrar o Departamento de Roteiros da Companhia Cinematográfica Maristela, mudou-se para São Paulo, que estava em ebulição com tentativas de cinema industrial. Logo foi demitido, pois a empresa entrou em crise. Em São Paulo conheceu Carlos Ortiz, Ortiz Monteiro, Nélson Pereira dos Santos, Galileu Garcia e Roberto Santos, entre outros simpatizantes do Partido Comunista Brasileiro. Tal grupo, que escrevia na revista cultural Fundamentos, organizou debates sobre os problemas econômicos e artísticos do cinema brasileiro. E em 1952 e 1953 Viany participou do I Congresso Paulista do Cinema Brasileiro e dos I e II Congressos Nacionais do Cinema Brasileiro.

Em 1952, no Rio de Janeiro, dirigiu Agulha no palheiro, seu longa-metragem de estreia, e, no ano seguinte, Rua sem sol. Foi roteirista, com Paulo Vanderley, de Carnaval em Caxias (1953), diretor de produção em O saci (1952) e Balança mas não cai (1953). Dirigiu, em 1955, “Ana”, episódio do longa-metragem A Rosa dos Ventos (Die Windrose), produzido pela Alemanha Oriental e organizado por Joris Ivens. “Ana”, cuja história é de Jorge Amado, tematiza a exploração sofrida por retirantes nordestinos. Viany colaborou em vários periódicos: Manchete, Jornal do Cinema, Shopping News (RJ), Para Todos, Leitura e Senhor. Em 1959, publicou Introdução ao cinema brasileiro, pelo Instituto Nacional do Livro.

Vinculado ao Cinema Novo e à produção moderna japonesa de Nagisa Oshima, Sol sobre a lama (1962), seu terceiro longa-metragem, trata de uma comunidade de feirantes que enfrenta a elite econômica de Salvador. Tem entre seus intérpretes: Antônio Pitanga, Geraldo del Rey, Gessy Gesse, Glauce Rocha, Othon Bastos e Teresa Raquel.

Integrou, com Álvaro Lins, Dias Gomes, Ênio Silveira e Nélson Werneck Sodré, entre outros, o CTI, Comando dos Trabalhadores Intelectuais, que apoiava as reformas de base do governo João Goulart.

Nos anos 1960, Viany trabalhou como crítico no Jornal do Brasil e como editor da coleção Biblioteca Básica de Cinema na Civilização Brasileira. Integrou também a redação da Revista Civilização Brasileira, por meio da qual promoveu discussões sobre os rumos do Cinema Novo depois do golpe militar de 1964.

Voltando à produção, dirigiu o curta-metragem A máquina e o sonho, documentário sobre Ludovico Persici, pioneiro do cinema brasileiro (1974), e os curtas documentários Humberto Mauro: coração do bom (1978) e Maxixe, a dança perdida (1979). E realizou o longa-metragem A noiva da cidade (1978).

Publicou também O velho e o novo (1965), sobre as raízes e perspectivas do Cinema Novo, Quem é quem no cinema novo brasileiro (1970), Cinema brasileiro hoje (1970), Dois pioneiros: Afonso Segreto e Vito di Maio (1976), Carmem Miranda (1995). Foi editor de cinema das enciclopédias Delta-Larousse e Mirador e organizou os livros Humberto Mauro: sua vida / sua arte / sua trajetória no cinema (1978) e Minhas memórias de cineasta (1978), em que Luiz de Barros rememora sua trajetória. Seu arquivo pessoal encontra-se depositado na Cinemateca do MAM-RJ.


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[Vladimir e Clarice Herzog assistem a debate sobre cinema]

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