Subterrâneos do futebol é um documentário em média metragem dirigido por Maurice Capovilla e finalizado em 1965, constituindo parte do longa Brasil verdade, produzido por Thomas Farkas, em que estão inclusos também Memórias do cangaço, Nossa escola de samba e Viramundo. Vladimir Herzog se envolveu na realização do filme assumindo o cargo de chefe de produção. A respeito da presença de Herzog na produção da obra e da relação dele com Maurice Capovilla, o depoimento deste cineasta é precioso:

A equipe de Subterrâneos do futebol é uma súmula das minhas relações naquele início da década de 1960. O próprio Thomaz Farkas assumiu a fotografia do filme, juntamente com Armando Barreto na filmagem de jogos e estádios cheios. [...] Tive colaborações de João Batista de Andrade, Francisco Ramalho e Clarice Herzog. Edgardo Pallero, na produção executiva, representava a turma do Birri [...]. Na montagem, contei com uma consultoria de Roberto Santos [...]. E havia, principalmente, meu assistente de direção, Vladimir Herzog.

Amigos desde o primeiro ano da Faculdade de Filosofia, conheci bem a personalidade do Vlado. [...] Vlado era uma pessoa muito tímida, contida, dona de uma grande sensibilidade que podia reverter em impressão de fragilidade. Ele se diferenciava da maioria de nós por um certo desânimo, uma descrença no seu potencial para realizar as coisas. Tinha uma capacidade de racionalização e de participação profunda, mas sempre discretíssimo, longe de todo excesso.

Vlado sempre quis fazer cinema. Mas, por contingências diversas, foi levado a tomar outros caminhos. [...] Em 1964, entrou na equipe de Subterrâneos. (ver Maurice Capovilla: a imagem crítica, de Carlos Alberto Mattos, pp. 74-76)

MATTOS, Carlos Alberto. Maurice Capovilla: a imagem crítica. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006.